terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Poema 22


Ficaste sem coração, a dor era maior do que a esperança. A tua mente era uma sombra
brilhando no escuro, absorvendo desesperadamente a luz . Sabias que não se escolhem
os caminhos nas encruzilhadas, mas não encontraste o rumo para os teus passos. O opróbrio
rasgou o teu útero e devastou o mundo, o silêncio devorou as palavras. As más notícias
chegam sempre de madrugada, como se precisássemos da claridade para ver a morte.
Nenhum ritual nos prepara para o descarnar da alma e para a corrupção do corpo.
Vivemos todos entre o céu e o inferno, no purgatório da consciência e da memória.


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