quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Poema 04
Há pecados que não se podem cometer. Sei que a sua lenta expiação purifica a alma
mas não revivifica o coração. Consolida-se inexoravelmente uma memória de cinzas,
de ruinas e de imperfeições. Estou só, nada sobrou para além de mim. O silêncio
tornou-se compacto e as palavras perderam o seu sentido seminal, nada nasce delas.
No escuro, não ouso sequer respirar, temo que o latejar do corpo me denuncie
à voracidade dos animais noturnos que me depredam a pureza, a esperança e a coragem.
Reduzo os dias ao essencial: comer, beber, dormir; meditar, sonhar, esperar.
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