quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Poema 16


Há flores que nascem rente ao corpo, como esboços de gestos impronunciados
ou como indícios de um rio por nascer. Quando os amantes chegam desordenam
os jardins plantados por sobre o ventre da terra húmida. Só então fazem sentido
o choro e o riso, o desejo e o esquecimento, o ocaso dos dias em que celebrámos o sol
e o mistério das águas. Pronuncias o teu nome como um verbo de madrugadas prematuras.
Escuto fascinado o rumor lunar do sangue que preserva o teu corpo fecundo. O desejo eclode
como um fruto jovem escondido entre a folhagem. Não nos deixamos surpreender pela luz.


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