quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Poema 06


Crio uma mnemónica do desejo, decorando as partes secretas e húmidas do teu corpo,
revivendo os gestos quentes e fermentes com que me desarrumaste os sentidos,
enquanto, dentro das madrugadas, descobríamos rios navegáveis até à fonte.
Sôfregos, bebíamos as águas puras e saciávamos vorazmente todas as sedes.
Fazíamos o amor, com a ancestral sabedoria animal. Era verão e tudo era possível.
Agora, crio um poemário de outono, recolhendo das árvores e dos livros
as últimas folhas onde leio as memórias dos dias em que fomos felizes.

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